No mais recente episódio do Podcast Violino Didático, tivemos a honra de receber o Maestro Abel Rocha, uma figura essencial no cenário musical brasileiro.
Com uma carreira impressionante que inclui a direção da Orquestra Sinfônica de Santo André e a liderança de festivais importantes, como a Oficina de Música de Curitiba, Abel Rocha compartilhou suas experiências, desafios e sua trajetória como regente.
Para os amantes da música clássica e profissionais da área, este episódio oferece insights valiosos sobre o mundo da regência e a vida dedicada à música.
A Jornada de Abel Rocha na Regência
Logo no início do podcast, o Maestro Abel Rocha relembra sua trajetória, que começou no canto coral. Diferente de muitos músicos, ele revela que não escolheu a regência como um sonho inicial. “Eu nunca quis ser maestro”, diz ele com um tom de surpresa. Porém, ao longo do tempo, seu envolvimento com a música coral e o prazer de transformar partituras em experiências sonoras o levaram naturalmente ao papel de regente.
Além disso, ele destaca a importância dos festivais de música em sua formação. Foi no Festival de Campos do Jordão, em 1980, que sua carreira deu um salto, e ele percebeu o valor de estar em contato com músicos de diversas origens. Esses festivais não só ajudaram a lapidar suas habilidades técnicas, mas também ampliaram sua visão sobre a música como uma arte colaborativa.
O Desafio da Oficina de Música de Curitiba
Um dos pontos altos da conversa foi a descrição da grandiosa Oficina de Música de Curitiba, da qual Abel Rocha é diretor desde 2018. O festival reúne mais de 160 eventos em apenas 11 dias, o que exige uma organização meticulosa e um planejamento a longo prazo. Rocha inovou ao unificar as diferentes programações, colocando lado a lado a música erudita, popular e antiga.
Apesar da imensa complexidade de coordenar tantos eventos simultâneos, ele explica que o festival não foi feito para que o público assista a tudo. Em vez disso, a intenção é oferecer uma vasta gama de opções para diferentes tipos de audiência. “A ideia não é que todos vejam tudo”, afirma o maestro. Essa diversidade torna a Oficina de Curitiba um espaço vibrante, que acolhe músicos e espectadores de diversas esferas, criando uma troca cultural intensa.
A Transição para a Regência Orquestral
Uma parte fascinante do episódio foi a transição do maestro do universo coral para a regência orquestral. Ao longo do podcast, Abel Rocha explica que reger uma orquestra vai muito além de apenas seguir a partitura. Ele descreve a regência como uma arte que exige a capacidade de agregar pessoas, tanto músicos quanto público, e de traduzir as emoções que a música provoca.
Além disso, o maestro destaca a importância de se adaptar à cultura local e às necessidades do público. Um exemplo marcante foi quando ele assumiu a Orquestra Sinfônica de Santo André. Com uma nova visão, ele trouxe inovação ao repertório e à programação, tornando a música clássica mais acessível ao público da região.
O Impacto da Pandemia na Música
A pandemia foi um período crítico para o setor musical, e Abel Rocha aborda isso de forma sincera. Durante o auge da crise sanitária, ele foi um dos integrantes do Fórum Brasileiro de Ópera, Dança e Música de Concerto, que buscava soluções para manter as orquestras e festivais ativos. O maestro relata como o isolamento social forçou os músicos a encontrarem novos meios de se conectar com o público, utilizando plataformas online para sobreviver e garantir que a música não parasse.
Ele reflete sobre o grande esforço necessário para manter o interesse pela música ao vivo após a pandemia, já que o público se acostumou com a comodidade das transmissões digitais. “Se antes precisávamos atrair 800 pessoas para estarem no mesmo lugar, ao mesmo tempo, agora temos que lidar com dois tipos de público”, comenta.
Abel Rocha e o Futuro da Música Clássica
Ao longo da entrevista, Abel Rocha discute também o futuro da música clássica no Brasil e a necessidade de criar uma base mais sólida para que a música erudita continue a prosperar. Ele defende a importância do ensino de música nas escolas e a formação de novos públicos para garantir a longevidade da arte. Rocha conclui com uma reflexão sobre como a gestão cultural deve andar lado a lado com a prática artística, para que a música de concerto sobreviva e se desenvolva.